Emeagwali
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Quais são as causas do brain drain?
EMEAGWALI: A principal causa de brain drain externo é o baixo nível dos salários pagos aos profissionais africanos. A contradição é que gastamos anualmente quatro bilhões de dólares para recrutar e pagar 100.000 expatriados para trabalharem na África, mas falhamos em investir uma quantia proporcional para recrutar os 250.000 profissionais africanos que trabalham fora da África. Profissionais africanos trabalhando em África têm salários consideravelmente menores do que os salários de expatriados com qualificação semelhante. Quais são as razões para que as pessoas não retornem aos seus países de origem?
EMEAGWALI: As condições sócio-econômicas tornam difícil que alcancemos nosso potencial. A instabilidade política aumenta as taxas de emigração de profissionais para as nações desenvolvidas. Quais são as razões que levam a que você não regresse ao seu país de origem?
EMEAGWALI: Primeiro, eu tenho uma esposa americana que segue uma carreira acadêmica e um filho de oito anos que estuda numa boa escola. Eu não poderia interromper a carreira de minha esposa e a educação de meu filho. Quais países são mais afetados pelo brain drain?
EMEAGWALI: Os países que absorvem cérebros são vencedores, enquanto os países que fornecem cérebros são perdedores. Os países receptores incluem os Estados Unidos, a Austrália e a Alemanha. Os países fornecedores de cérebros incluem a Nigéria, a África do Sul e Gana. Só a Nigéria tem 100.000 imigrantes nos Estados Unidos. Nos Estados Unidos, 64% de estrangeiros nascidos na Nigéria com 25 ou mais anos de idade têm ao menos o grau de bacharelado. 43% de estrangeiros que vivem nos Estados Unidos nascidos na África são pelo menos bacharéis. Nigerianos e outros africanos representam os grupos étnicos com maior nível educacional nos Estados Unidos. Qual o impacto social do brain drain?
EMEAGWALI: O brain drain torna difícil a criação de uma classe média formada por médicos, engenheiros e outros profissionais. Temos uma sociedade africana dividida em duas classes: uma gigantesca sub-classe formada por pessoas muito pobres, em geral desempregadas, e uma classe formada por poucas pessoas muito ricas que, na maioria das vezes, são oficiais corruptos do governo ou de órgãos militares. Qual o impacto económico do brain drain?
EMEAGWALI: Os melhores e mais brilhantes profissionais podem emigrar, deixando para trás os mais fracos e menos imaginativos. Isto significa uma morte lenta para África. Como você tem contribuído para sua comunidade?
EMEAGWALI: As telecomunicações mudaram o mundo e agora estamos vivendo numa aldeia ou comunidade global. Neste momento, você e eu estamos a usar tecnologia de telefonia e comunicação via satélite para manter uma conversa ao vivo. Os africanos que deixam os seus países para estudar e trabalhar têm a obrigação de regressar e compartilhar os benefícios de sua educação?
EMEAGWALI: Na teoria, somos moralmente obrigados a regressar a Africa. Na prática, um profissional africano não renunciará a um salário de $50.000 por ano para aceitar um emprego de $500 por ano em África. Uma questão mais importante deve ser discutida: quais medidas podem ser tomadas para induzir que os africanos deixem o exterior e voltem aos seus países e o que pode ser feito para encorajar os profissionais na África a permanecerem em sua terra natal. Como podemos diminuir ou mesmo interromper o brain drain?
EMEAGWALI: Você tem que recrutar os profisionais e retê-los. Nós podemos dar incentivos para recrutamento, como por exemplo, despesas de deslocação, empréstimos para moradia e para lançamento de negócios, salário suplementar para os primeiros anos. Porém, quando o suplemento salarial termina, muitos dos profissionais pegarão nas suas malas e regressarão à Europa e aos Estados Unidos. Que mudanças gostaria de ver nas políticas governamentais?
EMEAGWALI: Nós poderíamos eliminar as despesas com militares e aumentar gastos com educação, emancipação das mulheres e desenvolvimento das crianças. Sobre Philip Emeagwali: "Distinção" podia ser o nome do meio de Philip Emeagwali. Tendo deixado o curso colegial e tendo sido um refugiado de guerra, este nigeriano a viver nos Estados Unidos é hoje a sensação do mundo da super-computação. Ele tem sido chamado de "Bill Gates da África". Seus antigos colegas do Christ the King College, em Onitsha, lembram-se dele como "Cálculo". Emeagwali detém inúmeros recordes: processamento mais rápido do mundo com 3.1 biliões de cálculos por segundo, recorde mundial por resolver as maiores equações diferenciais parciais com 8 milhões de grid points; recorde mundial por resolver as maiores equações de previsão de tempo com 128 milhões de grid points; recorde mundial por um inédito modelo de aceleração de computação paralela; descoberta do paradoxo contra-intuitivo do hipercubo; formulação da teoria de modelos de mosaicos para computação paralela; descoberta da quiralidade, dualidade, helicidade, etc. Suas demais façanhas se estenderiam por mais oito páginas. Emeagwali tem recebido os mais importantes prêmios no seu campo de conhecimento, mas diz que o mundo ainda não viu nada. Num período de sete meses, Reuben Abati do "The Guardian" entrevistou Emeagwali, abordando uma diversidade de temas.
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